sexta-feira, 13 de março de 2009

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Habilidades comportamentais influenciam em tratamento anti-HIV

Uso correto do medicamento antiretroviral é a melhor alternativa para os soro-positivos em busca de uma melhor qualidade de vida.

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) continua fazendo vítimas fatais, apesar dos avanços existentes relacionados o coquetel antiretroviral (ARV), por exemplo, proporcionou muitas melhoras como a diminuição do número de comprimidos, que passou de 12 para quatro ao dia, e minimizou os efeitos desagradáveis da ação do medicamento no organismo infectado. Contudo, a não-adesão, que é o abandono ou uso inadequado da medicação com ARV, acaba sendo um dos fatores de maior ineficácia ao tratamento para portadores do HIV. Em pesquisa de doutorado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), a médica e psiquiatra Rosa Garcia Lima, estudou os componentes da adesão ao tratamento antiretroviral em pacientes portadores de HIV. Ela avaliou aspectos psicológicos e depressivos, tendo como elementos determinantes à interação do paciente, um trio imbatível na luta contra a AIDS: a informação, a motivação e as habilidades comportamentais.
O Boletim Epidemiológico 2007, do Ministério da Saúde (MS) traz dados sobre a proporção de pessoas que continuaram vivendo com o HIV em até cinco anos após a descoberta da doença. O estudo foi feito com base no número de pessoas infectadas pelo vírus. Os dados apontam que cinco anos depois de diagnosticadas, 90% das pessoas com AIDS no Sudeste estavam vivas. Nas outras regiões, os percentuais foram de 78%, no Norte; 80%, no Centro Oeste; 81%, no Nordeste; e 82%, no Sul.
A análise mostra, ainda, que 20,5% dos indivíduos infectados no Norte haviam morrido em até um ano após a descoberta da doença. No Centro Oeste, o percentual foi de 19,2% e no Nordeste, de 18,3%. Na região Sudeste, o indicador cai para 16,8% e, no Sul, para 13,5%. A média do Brasil foi de 16,1%. De 1980 a 2006 o total de óbito causada pelo vírus no Brasil foi de 192.709 casos. Em três décadas houve uma redução de 30% de mortes, devido aos ARVs criados e aperfeiçoados para o combate ao vírus da AIDS. A pesquisa detectou que o uso do medicamento assegura ao paciente uma melhor qualidade de vida, evitando o desenvolvimento de doenças oportunistas.

METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido a partir de dois questionários, o primeiro averiguou sobre quem faz uso ou não a terapêutica e quem aderia ao tratamento, mais e menos. Enquanto o segundo pesquisou a grau de ansiedade do indivíduo que tinha depressão e se este fator tinha relação com a aderência a ele. De acordo com os resultados preliminares os pacientes deprimidos não mostraram diferenças estatísticas significantes em relação à adesão quando comparados aos não deprimidos. Contudo a depressão tem sido apontada com fator de risco importante ao tratamento.
A pesquisa estudou 182 pacientes que já faziam uso com antiretroviral há pelo menos um ano. Entre eles adultos, portadores de HIV/AIDS, em acompanhamento no Centro de Referência Estadual de AIDS (CREAIDS) e no ambulatório da Unidade Docente Assistencial de Infectologia (UDAI) do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES).
De acordo com dados do MS, desde 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos de AIDS no país, sendo 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. No Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência da doença tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento de portadores do vírus. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem uma epidemia concentrada, com taxa de prevalência da infecção pelo HIV de 0,6% na população entre 15 a 49 anos.

Trio de Ouro
Tendo como princípio norteador a informação, Rosa relata que é necessário que o paciente saiba tudo sobre a doença, a forma de contato, o papel do tratamento e os efeitos colaterais, para sua decisão de fazer uso da medicação. “Quando ouço a palavra AIDS, corro para frente da TV, querendo saber o que há de novo”, diz C.B, 30 anos, portador do vírus há quatro anos. Segundo a pesquisadora, informação é trabalhar com o paciente tudo sobre a doença, são as possibilidades de cura, de melhoria na qualidade de vida, resultando na motivação dele querer ficar bem.

Outro fator importante é a motivação, que depende principalmente da conscientização do paciente. “Quando eu descobri que estava infectada, há seis anos, a primeira coisa que veio a cabeça foi à morte. Com o decorrer do tratamento, vi a minha recuperação. Hoje posso dizer que tenho uma vida normal”, declarou R.M.S, 28 anos. Para a pesquisadora o mais importante na vida de um indivíduo infectado pelo vírus é a saúde. E que a AIDS é uma ameaça à vida e que pode ser combatida com o ARV.

Já, as habilidades comportamentais, têm haver com a adequação aos horários do paciente, a adaptação a uma nova forma de seguir a vida. Ele deve fazer a adesão da medicação de forma contínua e sem falhas, imposta pelo tratamento que tem prazo indeterminado, por se tratar de uma doença crônica. ”Tomo seis comprimidos, mas já deixei de tomar corretamente. Só que na consulta com a médica, disse o que fiz, e ela me alertou sobre o que poderia acontecer, pelo fato de não tomar certo o coquetel”, relata M. L., 22 anos.
A importância de empregar os três elementos que compõem a adesão conjuntamente faz com que o tratamento dê certo, favorecendo a diminuição da carga viral no organismo do soro-positivo, por conta do uso correto do medicamento. “Nos casos em que há interrupção temporária ou falha de alguma dose, isso implica na falência subseqüente da ação da medicação, devido ao desenvolvimento de resistência viral às drogas utilizadas” enfatiza Rosa.

Baixa Adesão
Diversos são os fatores que têm sido identificados em pacientes com baixa aderência. Para Rosa, o primeiro deles é o compromisso do próprio paciente em aderir ao tratamento, este precisa acreditar e querer ser tratado. Além de fatores sócio-econômicos e culturais que causam grande impacto na adesão permanente a terapêutica. Nestes estão incluídos, crenças religiosas, estigma relacionado à medicação, receio de pessoas do convívio, principalmente profissional descobrirem sobre a doença.
A alimentação inadequada, uso excessivo de bebidas alcoólicas, drogas e responsabilidades econômicas também impedem que o paciente priorize o tratamento ARV. A quantidade de comprimidos, o tempo de tratamento e os efeitos colaterais também podem influenciar a não-adesão por parte do portador do vírus. “Pouco tem sido feito para o desenvolvimento de estratégias que resultem em uma ótima adesão ao uso dessas medicações. A adesão é o resultado de uma complexa interação entre o paciente, a medicação prescrita e o sistema de saúde”, salienta Rosa.


Foram relatadas pelos pacientes como barreiras importantes para a boa adesão ao tratamento antiretroviral . Fonte: Rosa Garcia Lima

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Logo Ana de la Orden



O principal conceito seguido para o desenvolvimento do logo “Salvador na sola do pé” foi à utilização de elementos que representassem Salvador e andanças por esta cidade. O símbolo foi elaborado a partir da ferramenta mídia artística (festa), a cor do símbolo foi modificada do colorido para o cinza, feito em forma de circulo, feita à mão livre resultando numa corrente humana, onde há uma singularidade e pluralidade no desenho, que de certa forma representa bem a capital, formada por tantas etnias e ao mesmo tempo sendo única por suas belezas naturais, seu povo e a sua essência.

Para a composição do logotipo foi utilizada a fonte mistral, que possui um design arrojado e moderno ao mesmo tempo, dando um aspecto de jovialidade, apesar da cidade estar completando 458 anos. As cores utilizadas são basicamente o cinza no símbolo e o preto nas letras por recomendação da professora Marilei Fiorelli.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

“Tá dominado, tá tudo dominado”.
Ana Paula de la Orden

Ainda cedo, chovendo ou fazendo sol, os primeiros vendedores chegam para montar suas bancas, alguns com lugar fixo, outros aventurando um pedacinho de chão, que aos poucos vai sendo tomado por seus “amigos” concorrentes, com barracas repletas de cds e dvds de todos os tipos e estilos musicais, que vão desde o sertanejo, passando pelos pagodes e axés baianos até o gospel. A mistura de ritmos, sons e vozes se misturam em meio a tantos outros. O lucro mensal varia entre R$300 a R$600, a facilidade na venda de cd e dvd é um chamariz para os trabalhadores informais.
“Já foi melhor, já cheguei a ganhar até R$ 1000, quando o dvd era R$10 e o cd R$ 5. Como cresceu a concorrência, não dá mais pra tirar esse valor, por que o preço baixou”, conclui o vendedor José*, 38 anos, que tem ponto fixo na Lapa. A busca pela sobrevivência, a falta de capacitação profissional e o baixo nível de escolaridade acabam sendo os principais fatores que levam indivíduos a se envolverem com a venda de produtos pirateados. Mesmo sabendo que é um negócio ilícito, encontram no mercado informal o meio para sua sobrevivência e o da família.

Quer comprar?
O local mais procurado para o consumo de produtos piratas é o centro de Salvador, entre a Lapa, a Piedade e a Avenida Sete. Porém em toda a cidade são facilmente encontrados vendedores de cd e dvd pirata andando pelas ruas ou fazendo exposição de produtos sob os passeios e em pontos de ônibus que se transformam em verdadeiras discotecas. Entre um cliente e outro, a diversidade dos títulos de filmes e artistas, o ambiente e a forma com que esses trabalhadores conquistam seus clientes é um show de interpretação à parte em busca do “pão de cada dia”.
Apesar da resistência encontrada entre os vendedores para falar sobre o assunto, um ou outro se arrisca e usa letra de música para definir o que acha da pirataria que, em poucas palavras, consegue dar um panorama real da situação existente numa das maiores capitais do Brasil: “Tá dominado, tá tudo dominado”, diz João*, 25 anos, vendedor de “piratas”, há três anos.


Opinião
Para alguns consumidores, o maior atrativo é o preço, enquanto o item qualidade é deixado de lado. “Se por acaso os cds e dvds originais fossem vendidos por um preço mais em conta até arriscaria a pagar, mas como é caro, acabo comprando mesmo o pirata”, diz Conceição Reis, 47 anos.
Os pontos de vistas acerca do consumo de cds e dvds variam entre os consumidores, todavia a maioria acha normal comprar “pirata”. “Sei que é ilegal a venda, por não serem recolhidos os impostos, mas pelas circunstâncias do país, pagamos muitos impostos e o que temos em troca? Sei que não é certo, mas é difícil viver num país em que a desigualdade social domina e por conta disso acontece o que acontece”, conclui Maria Pereira, professora aposentada.
Apenas uma em 10 pessoas entrevistadas relatou que era contra, como foi o caso de Carolina Dias, estudante de direito, 32 anos. “Sou totalmente contra a pirataria, não se pode usar a falta de emprego como desculpa para fazer algo que não é legal, falta às pessoas informações sobre o assunto que é pouco divulgado”, cita, relacionando a campanha “Pirata tô fora, só uso original”. A campanha foi lançada em 2006, visando levar o indivíduo a conscientizar-se dos efeitos negativos produzidos pela pirataria e ao mesmo tempo defendendo a propriedade intelectual.

Distribuição
No topo da lista, o cd e o dvd vêm sendo os campeões de vendas, seguidos pelos óculos, sejam de sol ou de grau, relógios e brinquedos.
A maioria dos produtos pirateados vêm da cidade de Feira de Santana (interior da Bahia), de uma feira denominada “Feiraguai”, velha conhecida até mesmo de quem não é ambulante por sua vasta quantidade de produtos pirateados e clandestinos, entretanto a fabricação de cópias não se restringe apenas a este pólo.
“Alguns vendedores daqui (Lapa) distribuem também, eles alugam salas por perto e fazem de laboratórios, facilitando a distribuição dos cds e dvds piratas mais rápido, além de cada cópia poder ser reproduzida em até 3 minutos”, diz José*. Porém o maior problema está por trás dos pequenos vendedores, organizações criminosas que utilizam trabalhadores que servem apenas de fachada para acobertar atividades ilegais ligadas a contravenção, contrabando de armas e ao narcotráfico que acaba se tornando um problema público.

*Os nomes são fictícios para preservar as fontes.